Para completar com sucesso suas missões, o Exército Brasileiro conta com unidades especiais que operam em situações de alto risco, há grupamentos preparados para atuar em diversos espaços e condições climáticas e o diferentes Biomas do Brasil, que requerem conhecimentos específicos. Nesse post vamos falar dos GUERREIROS DE CAATINGA.
A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro e isso permite que o militar especializado nesse ambiente encontre vantagens que o defenderão do inimigo.
A área onde se desenvolvem as operações do combatente de caatinga é certamente uma das mais inóspitas do mundo, composta de uma vegetação agressiva, solo pedregoso, escassez de água e com calor escaldante.
Muitas plantas do bioma da caatinga têm espinhos, como os cactos, o mandacaru e a macambira. O fato de ser uma vegetação rasteira também não torna mais simples a tarefa de se esconder. Nessa vegetação, camuflados entre os galhos secos, vivem animais peçonhentos como as cobras, aranhas além das abelhas e vespas.
A média anual de chuvas nesse bioma é de apenas 500 mm um índice pluviométrico muito parecido ao dos desertos. Por causa da pouca quantidade de água, o solo se torna erodido e pedregoso, o que também dificulta a movimentação.
Os Guerreiros de Caatinga precisam demonstrar as habilidades aprendidas no treinamento. Localizar fontes de água e de comida é a primeira delas. Para isso, utilizam-se da água do orvalho e de algumas espécies de plantas. Outros conhecimentos que ajudam o Guerreiro de Caatinga a cumprir suas missões nesse ambiente inóspito são como se livrar dos animais perigosos e como se abrigar do sol em uma vegetação tão escassa.
Ciente da necessidade de contar com uma tropa especializada para operar nesta região, o Exército Brasileiro (EB) criou o 72º Batalhão de Infantaria Motorizado (72º BIMtz), localizado na cidade de Petrolina (PE), no vale do rio São Francisco, em cujas instalações encontra-se ainda o Centro de Instrução de Operações na Caatinga, com a missão de estudar, planejar e desenvolver uma doutrina operacional específica para este ambiente.
Entre os cursos ministrados estão o Estágio Básico de Combatente de Caatinga, com duração de uma semana, Estágio Avançado de Combatente de Caatinga, com duração de duas semanas e o Estágio de Caçador de Caatinga, com duração também de duas semanas, onde o militar recebe treinamento nas seguintes disciplinas: Características do Ambiente Operacional de Caatinga; Primeiros Socorros; Técnicas Especiais; Topografia; Marchas e Acampamento; Comunicações; Emprego Tático em Operações na Caatinga; Treinamento Físico e Exercício de Desenvolvimento da Liderança.
Uma das áreas mais utilizadas nessa formação militar é o Campo de Instrução Fazenda Tanque do Ferro, que possui uma vasta área de reserva do bioma.
Anualmente, são formados cerca de 400 guerreiros de Caatinga que, ao final do curso, recebem o brevê e podem estampá-lo em suas fardas.
O uniforme do Guerreiro de Caatinga tem uma proteção mais eficiente do que os normalmente utilizados pelo EB, mais reforçado, feito de material mais resistente para permitir o deslocamento no interior da caatinga sem comprometer a integridade física da tropa, além de proporcionar alguma camuflagem. Inspirado na indumentária do sertanejo, o uniforme é confeccionado em brim na cor cáqui e com aplicação de couro especial nas partes que são mais atingidas pelos espinhos ou galhos secos. A protetor para a cabeça também é feito de brim, com pala dobrável e extensão para proteger a nuca, mostrando-se mais adequado do que o capacete de kevlar que concentra grande quantidade de calor, além de provocar ruídos em contato com os arbustos e refletir a luz, comprometendo a ocultação do combatente. O coturno é o tradicional com cano de couro, mais resistente do que o do tipo selva com a parte superior de lona.
A experiência mostrou a necessidade de se utilizar também óculos de acrílico e luvas de couro que protegem o dorso e a palma da mão, mas permitem o livre movimento dos dedos.
Por fim, vale ressaltar que, embora o bioma tenha condições escassas, encontram-se nele as mais ricas formas de vida. Desse modo, alimentos, água, remédio e higiene bucal são alguns dos produtos que o próprio bioma proporciona ao militar que nele possui expertise.
Indubitavelmente, a formação do soldado brasileiro na Caatinga possui papel relevante tanto para o meio militar, quanto para esse bioma exclusivo do Brasil.
HISTÓRIA
O guerreiro de Caatinga foi criado com base no estilo de vida do morador da região, tanto que o uniforme utilizado é semelhante à roupa do sertanejo. Por ser um local de difícil sobrevivência, são ministrados diversos cursos operacionais com a intenção de salvaguardar a Pátria e o bioma brasileiro.
A criação do Estágio de Caatinga aconteceu no ano de 1984 e teve como sucessor direto o Estágio de Adaptação e Operações na Caatinga (EAOC), inaugurado no ano de 1996.
Posteriormente, no dia 21 de dezembro de 2005, ocorreu a implantação do Centro de Instrução de Operações de Caatinga (CIOpC), fato que marcou de vez o sucesso do treinamento militar nesse ambiente hostil.