O Exército Brasileiro nas Décadas de 1980 e 1990

O Exército Brasileiro passou por importantes transformações nas décadas de 1980 e 1990, refletindo tanto mudanças internas quanto o contexto político e econômico do país. Esse período foi marcado pelo fim do regime militar, redemocratização e reações às novas ameaças e desafios da geopolítica mundial.

O Exército Brasileiro nos Anos 1980

Fim do Regime Militar e Redemocratização

A década de 1980 foi um período de transição política para o Brasil. O regime militar, que governava o país desde 1964, chegou ao fim com a eleição indireta de Tancredo Neves em 1985, sucedida pela posse de José Sarney. Esse processo impactou diretamente o Exército, que precisou se adaptar a um novo papel dentro de um Estado democrático.

Reestruturação e Novas Diretrizes

Com o fim da ditadura, o Exército teve que se reorganizar e redefinir sua missão institucional. Deixou gradativamente de exercer influência direta na política e passou a focar na modernização de suas estruturas, doutrina e armamentos.

No entanto, a crise econômica do país nos anos 1980 impactou negativamente os investimentos em defesa. O Brasil enfrentava hiperinflação e dificuldades financeiras, o que limitava o orçamento militar. Apesar disso, alguns programas estratégicos, como o desenvolvimento do blindado EE-T1 Osório, ainda foram levados adiante. O EE-T1 Osório, desenvolvido pela Engesa, foi um tanque de combate moderno projetado para competir no mercado internacional, mas acabou não sendo adquirido pelo próprio Exército Brasileiro devido à crise econômica.

Participação em Missões Internacionais

Ainda que com menor envolvimento do que em décadas anteriores, o Brasil continuou participando de algumas missões de paz da ONU, como a Força Interamericana de Paz na América Central. O Exército também realizou treinamentos e cooperação com exércitos estrangeiros, visando a modernização técnica e tática de suas tropas.

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O Exército Brasileiro nos Anos 1990

Nova Constituição de 1988 e o Papel do Exército

A promulgação da Constituição de 1988 consolidou a função do Exército em tempos de democracia. Seu papel foi reafirmado como uma instituição nacional permanente, com a missão de garantir a soberania, a integridade territorial e a segurança interna, sempre subordinada ao poder civil. Com isso, houve uma redução na influência política dos militares, e o Exército passou a concentrar-se mais na defesa territorial e na cooperação internacional.

Modernização e Investimentos

A década de 1990 trouxe novas perspectivas para as Forças Armadas, apesar das dificuldades econômicas que persistiam. Destacam-se algumas iniciativas de modernização:

  • Implementação do Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), essencial para monitoramento da região.

  • Aquisição de novos equipamentos e renovação de frota, ainda que de forma lenta devido a restrições orçamentárias.

  • Fortalecimento da indústria nacional de defesa, apesar da crise da Engesa e outras empresas do setor.

  • Desenvolvimento do fuzil IMBEL IA2, que visava substituir os modelos mais antigos usados pelo Exército.

Participação em Missões de Paz

O Exército Brasileiro aumentou sua participação em missões de paz da ONU nos anos 1990, destacando-se sua atuação na MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti) no final da década.

Outras missões relevantes incluíram a participação em forças de paz na África e na América Latina, onde tropas brasileiras atuaram no monitoramento de conflitos e na reconstrução de nações abaladas por guerras civis.

Combate ao Tráfico e Criminalidade

Com o aumento da violência urbana e do tráfico de drogas, o Exército passou a ter um papel mais ativo na segurança interna, especialmente em operações conjuntas com polícias estaduais e federais. A atuação em favelas do Rio de Janeiro e na fronteira com países produtores de drogas se tornou mais comum, reforçando o papel das Forças Armadas na segurança pública.

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Conclusão

O Exército Brasileiro passou por profundas transformações entre as décadas de 1980 e 1990. Da transição do regime militar à redemocratização, ele redefiniu sua identidade e função dentro do Brasil. Apesar de desafios econômicos, avançou em sua modernização e reafirmou seu papel como uma força de defesa e segurança nacional, cada vez mais integrada ao contexto internacional e participando ativamente de operações de paz e segurança pública.

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